Corpos nus...
Mãos que se procuram
De extremo a extremo
Entre as sombras.
A pele é incensório
Onde se acendem beijos.
Um caminho tortuoso
Que conduz à pétala suprema,
Aberta... Húmida... Dolorosa...
Ao monte da deusa... Vénus...
Dedos trementes,
Buscando mistérios.
Vermelho de flor e carne...
Gotas de suor...
Sem sangue
O vaivém de dois corpos,
A humidade dos sexos ,
Um gemido na garganta...
Dois corpos satisfeitos...
Aberta, fica a flor
E dobrada a coluna
O segredo do amor...
A luz que ilumina.....
Benquerer
Durmo em braços que sinto,
mas que não toco.
Enrosco-me em pernas que me seguram e aninham,
mas que não vejo.
Acordo em lençóis de pétalas,
que ninguém colocou.
Iluminam-me brilhos de luzes que,
alguém acendeu...
Gosto desse teu ar tristonho,
desse olhar de melancolia
mesmo nos momentos de prazer e de sonho,
ou nos instantes de amor e de alegria...
Gosto dessa tua expressão de ternura
tão suave e feminina,
desse olhar de ventura
com um brilho húmido a luzir num profundo langor...
Desse teu olhar de meiguice que me cativa e domina
tu que dás sempre a impressão
de quem precisa de protecção e amor...
Desse teu ar de menina,
desse teu ar que te faz mais mulher
ao meu olhar...
Gosto da tua voz, tranquila, do tom manso
com que falas, como se acariciasses
e até das palavras que dizes...
a tua presença, como um quieto remanso,
um pedaço de sombra onde me abrigo.
Gosto desse teu modo calmo, sossegado
com que te encostas no meu peito
e te deixas ficar
entre ternuras e embaraços,
como se tudo ficasse, de repente parado
e o teu mundo fosse delimitado
pelos meus braços...
Gosto de ti assim,
pequenina, macia,
quando te aperto contra mim e te sinto...
minha.
Gosto desse ar abandonado
Como quem caminha, sonâmbula,
Por um tortuoso caminho
feito de céu... e de Lua......
Benquerer
As mãos desceram através da pele,
Como o alisar da areia por uma onda.
Sentiram-lhe a textura,
A maciez,
O calor.
Os lábios abriram-se,
para receber o beijo...
que não estava.
Então
O pensamento soltou-se.
Procurou a outra pele...
O outro cheiro,
O outro calor ,
As outras mãos ,
Os outros lábios.
E num momento de entrega a um,
mesmo à distância ...
Fomos dois!
Multiplico-me em curvas escorregadias
Para me moldar ao teu corpo.
Rodopio em ondas de suspiros
Para que o teu respirar, me refresque a pele ...
Os meus olhos,
São o teu espelho.
Os teus lábios,
Lagos onde mato a sede.
Teus braços,
Ramos que me ajudam a trepar.
As minhas mãos,
Anémonas de toques suaves ...
As tuas pernas,
Troncos que me suportam...
ao sabor do desejo.
Quero apagar todas as luzes...
E acender-te apenas... a ti....
Estar ao teu lado a noite inteira
Em eterna brincadeira....
Até o dia amanhecer....
Sem limites....
Sem barreiras....
Sê a minha feiticeira...
Na magia do prazer.
Quero ...
Acordar contigo ao lado
Sorriso franco
Abraço apertado....
E...
Ver tudo de novo....
Acontecer...
Benquerer
Quero acordar-te com o sorriso
de quem descobre um beijo adormecido
Quero sentir o teu olhar no meu corpo,
aquecendo-me
Quero despertar-te
com toques de luz
Quero amar-te até adormecer novamente
quero...
Quero-te!!!
De quem é esta saudade
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade, de quem?
Aquelas mãos só carícias,
Aqueles olhos de apelo
aqueles lábios... desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade que sinto quando me vejo?
Benquerer
Olhares de delicia
Lábios gulosos
Talheres de prazer
Em pratos de erotismo
Bicos que se elevam
Línguas que dançam
Mãos que seduzem
Suores que luzem